Morte: visão bíblica
A Bíblia se refere a dois tipos de morte: a morte física, que acontece
com todas as pessoas quando param de viver e a morte espiritual, quando elas não
mantêm um relacionamento com Deus e Jesus Cristo. O Velho e o Novo Testamento
falam da morte de maneira diferente.
O Velho Testamento fala mais de morte física e o que significava para os
israelitas.
O Novo Testamento fala mais de morte espiritual. Conta a história da
vida de Jesus Cristo na Terra, que inclui sua morte e ressurreição. Também nos
conta que, por causa da morte de Jesus, todas as pessoas têm a chance de viver
eternamente nos céus com Deus.
A MORTE NO VELHO TESTAMENTO
Os israelitas aceitavam a morte como um fim natural da vida. Tinham como
objetivo viver uma vida longa e plena, ter muitos filhos e morrer em paz com
sua família. Uma morte prematura era vista como o resultado do julgamento de
Deus sobre aqueles que Lhe eram desobedientes.
O Rei Ezequias orou ao Senhor para prolongar sua vida mesmo não tendo
sido totalmente obediente (II Reis 20:9).
Jó quis limpar sua reputação com Deus antes de morrer (Jó 19: 25-26).
Apesar de pensarem que a morte era o fim natural da vida, os israelitas
nunca a viram como uma experiência agradável.
Tal como hoje, a morte era um fato triste que afetava profundamente as
pessoas. A morte eliminava a pessoa do convívio de familiares e vizinhos. Mais
importante ainda é que a pessoa não poderia mais se relacionar com Deus. A
morte nunca era vista como um limiar para uma vida melhor no céu.
Quando Deus deu a lei para Moisés e para o povo, afirmou claramente que
qualquer desobediência aos seus mandamentos teria como conseqüência a morte.
Pelo profeta Ezequiel Deus afirmou que todas as pessoas que O seguissem teriam
vida, mas a qualquer que "se desviar da Sua justiça" certamente
morrerá" (Ezequiel 18: 21-32). Portanto, toda morte era vista como um mau
resultado de seu pecado e desobediência. Mais tarde, essa idéia mudou. Os
filósofos judeus começaram a desenvolver idéias sobre vida após a morte e
ressurreição do corpo. O livro de Daniel traz a primeira referência sobre uma
possível ressurreição dos mortos, quando profetiza " Muitos dos que dormem
no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e
horror eterno"(Daniel 12;2).
Existem outras profecias semelhantes à de Daniel, feitas no período
entre o Velho e o Novo Testamento, em que os filósofos judeus acreditavam que a
alma era imortal e continuava a existir depois da morte; seu conceito de
ressurreição e vida eternamente redimida da morte pôs em cena o trabalho de
Jesus Cristo que subjugaria a morte para todas as pessoas.
A MORTE E RESSURREIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO
Enquanto no Velho Testamento a morte é um evento pessoal, no Novo
Testamento é um tema teológico. Por causa do primeiro pecado de Adão e Eva, o
homem foi separado de Deus e essa separação trouxe a morte ao mundo. Cada
pessoa depois de Adão seguiu seus passos.
O apóstolo Paulo escreve "todos pecaram e carecem da glória de
Deus" (Romanos 3:23). Todos merecem morrer e uma vez que cometem pecado
não são mais merecedores de uma relação com Deus. Quando o Novo Testamento fala
sobre morte, está falando de viver uma vida sem Deus; seus escritores sabiam
que a morte afeta todos os aspectos da vida. Sem Deus, vive-se com medo da
morte e alguém que vive sem Cristo está espiritualmente morto. O livro de
Hebreus conta que o diabo, que governa o mundo, é o senhor da morte (Hebreus
2;14).
É fácil pensar na morte como um poder demoníaco que governava o mundo
até que Cristo, o único que teve poder para vencer a morte em favor de todas as
pessoas, finalmente a conquistasse. Quando Cristo morreu, foi enterrado e
ressuscitou ao terceiro dia, o poder que a morte tinha sobre o mundo foi
permanentemente quebrado.
O Novo Testamento descreve a vitória de Jesus sobre a morte de várias
maneiras. Em Filipenses 2:8 lemos que Jesus foi obediente à morte. Em outra
epístola, Paulo diz que "Ele morreu por todos" como sacrifício pelo
pecado de todas as pessoas (II Coríntios 5:15). Pedro descreve como Jesus
desceu ao Hades (lugar da morte) para conquistá-la (I Pedro 3: 18-19). Sendo o
único ser imortal, Deus é a fonte de toda a vida, e somente podemos viver se
tivermos um relacionamento com Ele.
A morte e ressurreição de Cristo proporcionam às pessoas a oportunidade
de restaurar sua comunhão com Deus. "Se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram, eis que se fizeram novas"(II
Coríntios 5:17). Todas as pessoas que estabelecem um compromisso real com Jesus
passam imediatamente da morte para a vida, e todas que obedecem as palavras de
Deus terão a vida eterna.
HÁBITOS FÚNEBRES
Estas práticas acompanham a morte de seres humanos. Desde o início dos
tempos todos os grupos sociais tiveram costumes fúnebres. Crenças sobre a vida
e a morte afetam os hábitos fúnebres. A idéia da imortalidade é uma das mais
cultivadas. Arqueólogos descobriram ferramentas, adornos e mesmo alimento nas
sepulturas humanas mais antigas de que se tem notícia, sugerindo que mesmo
esses povos antigos acreditavam que os seres humanos continuam a existir de
alguma forma após a morte. Acreditava-se que rituais fúnebres apropriados
ajudavam os mortos a alcançar seu lugar final, que era, na crença de muitas
culturas, uma viagem perigosa - os mortos deviam, dependendo da cultura,
atravessar rios míticos ou amplos abismos. Os ritos também asseguravam à pessoa
viva que os espíritos do morto não lhe causaria dano.
ENTERRO DO CADÁVER
Uma maneira comum de se livrar de um cadáver tem sido o sepultamento na
terra. Essa prática deve ter começado por causa da crença de que a cidade dos
mortos se localizava sob o solo. Freqüentemente a sepultura era considerada a
entrada para o submundo, embora muitos grupos achassem que a habitação dos
mortos era no céu. O enterro subterrâneo tem sido praticado por muitos. Algumas
comunidades colocam o cadáver num suporte para ser devorado por aves ou outros
animais. Sabe-se que alguns grupos comiam o cadáver, acreditando que as boas
qualidades da pessoa morta passariam aos que o comiam. Muitas sociedades
asiáticas têm cremado ou queimado seus cadáveres. No passado, era comum que a
esposa e os escravos de um homem falecido se jogassem em cima de seu corpo
enquanto queimava. A cremação tem se tornado popular no Ocidente e pode se
tornar mais amplamente praticada por causa da diminuição de terra disponível
para as sepulturas. Quase toda sociedade observa hábitos especiais de luto
durante o enterro do corpo. Isso inclui o uso de roupas especiais, explosões
emocionais, isolamento e abstenção de certos alimentos. A maioria das
sociedades marcam o evento com uma cerimônia - rituais de purificação, por
exemplo, ou o compartilhamento de refeições especiais com amigos e parentes do
morto. Em quase todo grupo cultural, riqueza e pobreza influenciam nos hábitos
fúnebres. Por exemplo, se a pessoa morta foi rica, antão as cerimônias fúnebres
seriam mais elaboradas.
HÁBITOS FÚNEBRES NA BíBLIA
Se de um lado a Bíblia não dá um quadro detalhado das práticas de
enterro, menciona os hábitos comuns do povo hebreu ao enterrar seus mortos e
contém algumas regras sobre isso. A maioria dos povos bíblicos colocavam o
cadáver na terra ou numa gruta. Não enterrar alguém ou permitir que o mesmo
fosse comido pelos predadores era um insulto ao morto (Deuteronômio 28:26; I
Reis 11:15). Se possível, os mortos deveriam ser enterrados no dia da morte
(Deuteronômio 21:23). O cadáver era vestido com roupas fúnebres especiais e
borrifado com vários perfumes (Marcos 15:46; João 11:44). A morte e os rituais
fúnebres com freqüência causavam choro intenso. Esse luto não resultava só de
tristeza, mas fazia parte do ritual (Mateus 11:17). No antigo Israel, havia
grupos de carpideiras pagas que se lamentavam e faziam encenações dirigidas,
como atrizes. Muitos dos cultos fúnebres se concentravam nesses profissionais
da lamentação que cantavam salmos e faziam elaborados discursos sobre os mortos
(II Crônicas 35:25; Jeremias 9:17-22). A ênfase sobre a lamentação vinha da
apreciação do judeu pela vida e pela saúde, o que era considerado uma das
maiores dádivas de Deus (Salmo 91:16) e também pelo respeito pelo corpo
(16:9-11). Não há, no Velho Testamento, uma completa doutrina da imortalidade,
mesmo embora partes dela sugiram que aqueles que morrem vivem no reino sombrio
do Sheol e um dia ressuscitarão (Jó 14:13; Ezequiel 37).
A igreja cristã primitiva desenvolveu uma doutrina mais firme sobre a
vida após a morte. Os filósofos gregos acreditavam que somente a alma era
imortal, mas os escritores do Novo Testamento seguiram os profetas do Velho
Testamento e pregaram que o corpo também seria ressuscitado. Essa crença é a
base dos costumes fúnebres cristãos. Assim, a ênfase na lamentação - choro e
encenação - davam ensejo ao cântico alegre de salmos. O corpo era lavado,
ungido com perfume e especiarias, embrulhado em linho e circundado por velas,
tudo representando a vida eterna. Amigos e parentes geralmente faziam uma
vigília no lar do morto e eram lidas passagens das Escrituras que se referiam à
ressurreição e à vida eterna. Quando possível, a Ceia do Senhor era realizada
para simbolizar o sacrifício de Cristo. Na igreja ou cemitério , era feito um
discurso fúnebre para elogiar o morto e confortar os vivos. Muitos desses
costumes são ainda observados pelo cristãos hoje.
EDNEIDE SANTANA
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