As misericórdias do Senhor duram para sempre
Uma das coisas que qualquer crente sabe (ou deveria saber) é que Deus não muda seu caráter, e é exatamente esta característica que permite que possamos depositar nossa total confiança nEle. Tantas vezes nós já confiamos em pessoas e nos decepcionamos por que elas agiram de outra forma. Mas com o nosso Pai não é assim. O que Ele foi ontem, o é hoje e o será amanhã.
Embora haja esta consciência na teoria, na prática às vezes esta ideia se mostra diferente. Parece-me bastante claro que a falta de conhecimento bíblico deixe as pessoas à mercê de qualquer vento de doutrina, ou de entendimento completamente avesso ao que diz a Palavra. Mas é incrível que alguém diga que Deus é imutável e, de repente, afirme que Deus mudou, do Antigo para o Novo Testamento, ainda mais se falarmos da misericórdia dEle.
O objetivo deste texto é esclarecer que Deus sempre foi misericordioso, mesmo com os ímpios, e que as pessoas que viveram antes da vinda de Cristo conheciam bem este aspecto do seu caráter que é, reafirmo, imutável.
No nosso Deus é um Deus que não pode mentir. Ele mesmo declara sua misericórdia ao seu povo, em diversas passagens:
E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos (Êx 20:6).
Porque aquela é a sua cobertura, e o vestido da sua pele; em que se deitaria? Será pois que, quando clamar a mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso (Êx 22:27).
Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer (Êx 33:19).
E faço misericórdia a milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos (Dt 5:10).
E os filhos dos estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque no meu furor te feri, mas na minha benignidade tive misericórdia de ti (Is 60:10).
Vai, pois, e apregoa estas palavras para o lado norte, e dize: Volta, ó rebelde Israel, diz o SENHOR, e não farei cair a minha ira sobre ti; porque misericordioso sou, diz o SENHOR, e não conservarei para sempre a minha ira (Jr 3:11).
E vos concederei misericórdia, para que ele tenha misericórdia de vós, e vos faça voltar à vossa terra (Jr 42:12).
Portanto, assim diz o SENHOR: Voltei-me para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz o SENHOR dos Exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém (Zc 1:16).
Misericórdia de Deus em ação:
• Não destruiu Adão e Eva, quando pecaram no Éden; antes já deu a primeira promessa a respeito da vinda do Messias (Gn 3.15).
• Poupou a vida de Caim quando este matou seu irmão, até mesmo colocou um sinal nele para que ninguém o ferisse (Gn.4).
• Não destruiu toda a civilização na época de Noé, poupando sua família da destruição (Gn 6 e 7)
• Não destruiu o povo quando este quis exaltar-se a si mesmo, construindo uma torre como símbolo desta arrogância e prepotência (Torre de Babel, Gn 11).
• Não destruiu a todos das cidades de Sodoma e Gomorra, poupando Ló e sua família (Gn 18 e 19).
• Na destruição de Sodoma e Gomorra, quando teve paciência com Ló e sua família, que se demoravam em sair da cidade:
Ele, porém, demorava-se, e aqueles homens lhe pegaram pela mão, e pela mão de sua mulher e de suas duas filhas, sendo-lhe o SENHOR misericordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da cidade (...) Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e engrandeceste a tua misericórdia que a mim me fizeste, para guardar a minha alma em vida; mas eu não posso escapar no monte, para que porventura não me apanhe este mal, e eu morra (Gên 19:16;19:19).
• Na saída do povo hebreu do Egito, Deus foi misericordioso com Faraó e o povo egípcio, dando muitas oportunidades para que eles deixassem o povo de Deus sair em paz, sem maiores complicações. É claro que o Faraó não fez uso da misericórdia do Senhor e sofreu duras punições (Ex 7-13).
• Foi misericordioso com o povo no deserto, fornecendo-lhe água e alimento do céu durante a peregrinação (Ex. 16).
• Deus foi misericordioso mesmo com o povo cananita, pois teve tempo desde a ida de Abraão para o Egito até a volta do povo hebreu de lá (Gn. 15.13-16 - compare com Dt. 7:1-2; 20:16-18).
• Quando Elias fraquejou e fugiu de Jezabel, Deus se compadeceu de dele, dando-lhe tempo pra descansar e se alimentar, e um amigo confiável: Eliseu (1Rs 19).
• O profeta Jonas ficou bastante desgostoso com o fato de Deus ter poupado Nínive da destruição, já que eles se arrependeram (Jn 4). Inclusive Jonas se negou em ouvir o chamado do Senhor por que sabia que Deus era misericordioso e não queria que seu "trabalho" fosse em vão (Jn 4.2-3).
• Deus foi misericordioso com Davi, no seu caso de adultério, numa época que isto era punido com morte por apedrejamento (2 Sm 12).
• O povo hebreu foi muitas vezes poupado de um castigo pior, graças à misericórdia de Deus:
E depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas más obras, e da nossa grande culpa, ainda assim tu, ó nosso Deus, nos tens castigado menos do que merecem as nossas iniqüidades, e ainda nos deixaste este remanescente (Ed 9:13).
Mas, tendo alcançado repouso, tornavam a fazer o mal diante de ti,; portanto tu os deixavas nas mãos dos seus inimigos, de modo que estes dominassem sobre eles; todavia quando eles voltavam e clamavam a ti, tu os ouvias do céu, e segundo a tua misericórdia os livraste muitas vezes; e testemunhaste contra eles, para os fazerdes voltar para a tua lei; contudo eles se houveram soberbamente, e não deram ouvidos aos teus mandamentos, mas pecaram contra os teus juízos, pelos quais viverá o homem que os cumprir; viraram o ombro, endureceram a cerviz e não quiseram ouvir. Não obstante, por muitos anos os aturaste, e testemunhaste contra eles pelo teu Espírito, por intermédio dos teus profetas; todavia eles não quiseram dar ouvidos; pelo que os entregaste nas mãos dos povos de outras terras. Contudo pela tua grande misericórdia não os destruíste de todo, nem os abandonaste, porque és um Deus clemente e misericordioso (Ne 9:28-32).
Ele, porém, que é misericordioso, perdoou a sua iniqüidade; e não os destruiu, antes muitas vezes desviou deles o seu furor, e não despertou toda a sua ira (Sl 78:38).
• O povo de Israel não foi destruído pela Assíria; antes foi poupado, depois de um período de opressão; Deus os livrou:
Porém o SENHOR teve misericórdia deles, e se compadeceu deles, e tornou-se para eles por amor da sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó, e não os quis destruir, e não os lançou ainda da sua presença (2Rs 13:23).
• Promessa de misericórdia mostrada para os gentios:
E semea-la-ei para mim na terra, e compadecer-me-ei dela que não obteve misericórdia; e eu direi àquele que não era meu povo: Tu és meu povo; e ele dirá: Tu és meu Deus (Os. 2:23).
No Antigo Testamento, as pessoas sabiam deste atributo de Deus:
Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade. (Êx. 34:6).
O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti (Núm 6:25).
O SENHOR é longânimo, e grande em misericórdia, que perdoa a iniqüidade e a transgressão, que o culpado não tem por inocente, e visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos até à terceira e quarta geração (Núm 14:18).
Porquanto o SENHOR teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá da aliança que jurou a teus pais (Dt 4:31).
Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos (Dt 7:9).
Jubilai, ó nações, o seu povo, porque ele vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários retribuirá a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do seu povo (Dt 32:43).
A ti também, Senhor, pertence a misericórdia; pois retribuirás a cada um segundo a sua obra (Sl 62:12).
Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade (Sl 103:8).
Fez com que as suas maravilhas fossem lembradas; piedoso e misericordioso é o SENHOR (Sl 111:4).
Piedoso é o SENHOR e justo; o nosso Deus tem misericórdia (Sl 116:5)
Espere Israel no SENHOR, porque no SENHOR há misericórdia, e nele há abundante redenção (Sl 130:7).
Piedoso e benigno é o SENHOR, sofredor e de grande misericórdia (Sl 145:8).
E orei ao SENHOR meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos (Dn 9:4).
Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele (Dn 9:9).
Todo o povo hebreu sabia que Deus era misericordioso com quem clamasse a Ele; as passagens abaixo corroboram com esta afirmação:
Perdoa, pois, a iniqüidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia; e como também perdoaste a este povo desde a terra do Egito até aqui (Núm 14:19).
Será, pois, que, se ouvindo estes juízos, os guardardes e cumprirdes, o SENHOR teu Deus te guardará a aliança e a misericórdia que jurou a teus pais (Dt 7:12).
Também não se pegará à tua mão nada do anátema, para que o SENHOR se aparte do ardor da sua ira, e te faça misericórdia, e tenha piedade de ti, e te multiplique, como jurou a teus pais (Dt 13:17).
E perdoa ao teu povo que houver pecado contra ti, todas as transgressões que houverem cometido contra ti; e dá-lhes misericórdia perante aqueles que os têm cativos, para que deles tenham compaixão (1Rs 8:50).
Porque, em vos convertendo ao SENHOR, vossos irmãos e vossos filhos acharão misericórdia perante os que os levaram cativos, e tornarão a esta terra; porque o SENHOR vosso Deus é misericordioso e compassivo, e não desviará de vós o seu rosto, se vos converterdes a ele (2Cr 30:9).
Por isso os entregaste na mão dos seus adversários, que os angustiaram; mas no tempo de sua angústia, clamando a ti, desde os céus tu ouviste; e segundo a tua grande misericórdia lhes deste libertadores que os libertaram da mão de seus adversários (Ne 9:27).
Porém, em tendo repouso, tornavam a fazer o mal diante de ti; e tu os deixavas na mão dos seus inimigos, para que dominassem sobre eles; e convertendo-se eles, e clamando a ti, tu os ouviste desde os céus, e segundo a tua misericórdia os livraste muitas vezes (Ne 9:28).
Mas pela tua grande misericórdia os não destruíste nem desamparaste, porque és um Deus clemente e misericordioso (Ne 9:31).
Porque o rei confia no SENHOR, e pela misericórdia do Altíssimo nunca vacilará (Sl 21:7).
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do SENHOR por longos dias (Sl 23:6).
Todas as veredas do SENHOR são misericórdia e verdade para aqueles que guardam a sua aliança e os seus testemunhos (Sl 25:10).
Bendito seja o SENHOR, pois fez maravilhosa a sua misericórdia para comigo em cidade segura (Sl 31:21).
O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no SENHOR a misericórdia o cercará (Sl 32:10).
Eis que os olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia (Sl 33:18).
Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem (Sl 103:11).
Mas a misericórdia do SENHOR é desde a eternidade e até a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos (Sl 103:17).
O SENHOR se agrada dos que o temem e dos que esperam na sua misericórdia (Sl 147:11).
O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia (Pv 28:13).
Por isso, o SENHOR esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o SENHOR é um Deus de eqüidade; bem-aventurados todos os que nele esperam (Is 30:18).
E orou ao SENHOR, e disse: Ah! SENHOR! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal (Jn 4:2).
Portanto, assim diz o SENHOR: Voltei-me para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz o SENHOR dos Exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém (Zc 1:16).
A Bíblia também mostra, no AT, várias pessoas suplicando pela misericórdia de Deus:
Ouve-me quando eu clamo, ó Deus da minha justiça, na angústia me deste largueza; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração (Sl 4:1).
Tem misericórdia de mim, SENHOR, porque sou fraco; sara-me, SENHOR, porque os meus ossos estão perturbados (Sl 6:2).
Tem misericórdia de mim, SENHOR, olha para a minha aflição, causada por aqueles que me odeiam; tu que me levantas das portas da morte (Sl 9:13).
Não te lembres dos pecados da minha mocidade, nem das minhas transgressões; mas segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, por tua bondade, SENHOR (Sl 25:7).
Tem misericórdia de mim, ó SENHOR, porque estou angustiado. Consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu ventre (Sl 31:9).
Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias (Sl 51:1).
Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque o homem procura devorar-me; pelejando todo dia, me oprime (Sl 56:1).
Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades (Sl 57:1).
Bendito seja Deus, que não rejeitou a minha oração, nem desviou de mim a sua misericórdia (Sl 66:20).
Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe; e faça resplandecer o seu rosto sobre nós (Sl 67:1).
Eu, porém, faço a minha oração a ti, SENHOR, num tempo aceitável; ó Deus, ouve-me segundo a grandeza da tua misericórdia, segundo a verdade da tua salvação (Sl 69:13).
Ouve-me, SENHOR, pois boa é a tua misericórdia. Olha para mim segundo a tua muitíssima piedade (Sl 69:16).
Mostra-nos, SENHOR, a tua misericórdia, e concede-nos a tua salvação (Sl 85:7).
Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia (Sl 86:3).
Volta-te para mim, e tem misericórdia de mim; dá a tua fortaleza ao teu servo, e salva ao filho da tua serva (Sl 86:16).
Mas tu, ó DEUS o Senhor, trata comigo por amor do teu nome, porque a tua misericórdia é boa, livra-me (Sl 109:21).
Ajuda-me, ó SENHOR meu Deus, salva-me segundo a tua misericórdia (Sl 109:26).
SENHOR, tem misericórdia de nós, por ti temos esperado; sê tu o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação no tempo da tribulação (Is 33:2).
Ouvi, SENHOR, a tua palavra, e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia (Hb 3:2).
A grandeza da misericórdia de Deus era exaltada:
Seja a tua misericórdia, SENHOR, sobre nós, como em ti esperamos (Sl 33:22).
A tua misericórdia, SENHOR, está nos céus, e a tua fidelidade chega até as mais excelsas nuvens (Sl 36:5).
Contudo o SENHOR mandará a sua misericórdia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida (Sl 42:8).
Mas eu sou como a oliveira verde na casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para sempre, eternamente (Sl 52:8).
Ele enviará desde os céus, e me salvará do desprezo daquele que procurava devorar-me. Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade (Sl 57:3).
Pois a tua misericórdia é grande até aos céus, e a tua verdade até às nuvens (Sl 57:10).
Eu, porém, cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua misericórdia; porquanto tu foste o meu alto refúgio, e proteção no dia da minha angústia (Sl 59:16).
A ti, ó fortaleza minha, cantarei salmos; porque Deus é a minha defesa e o Deus da minha misericórdia (Sl 59:17).
A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram (Sl 85:10).
Pois grande é a tua misericórdia para comigo; e livraste a minha alma do inferno mais profundo (Sl 86:13).
Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade irão adiante do teu rosto (Sl 89:14).
Porque o SENHOR é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração (Sl 100:5).
Cantarei a misericórdia e o juízo; a ti, SENHOR, cantarei (Sl 101:1).
Louvai ao SENHOR. Louvai ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre (Sl 106:1).
Pedidos para que Deus não usasse de sua grandiosa benignidade para com os ímpios:
Tu, pois, ó SENHOR, Deus dos Exércitos, Deus de Israel, desperta para visitares todos os gentios; não tenhas misericórdia de nenhum dos pérfidos que praticam a iniqüidade (Sl 59:5).
O Deus da minha misericórdia virá ao meu encontro; Deus me fará ver o meu desejo sobre os meus inimigos (Sl 59:10).
E por tua misericórdia desarraiga os meus inimigos, e destrói a todos os que angustiam a minha alma; pois sou teu servo (Sl 143:12).
Embora a misericórdia de Deus seja muito grande, ás vezes Ele deixa de usar de misericórdia, pois a impiedade do povo era muito grande. O objetivo, é claro, era fazer com que o povo se voltasse novamente a Ele:
Porque assim diz o SENHOR: Não entres na casa do luto, nem vás a lamentar, nem te compadeças deles; porque deste povo, diz o SENHOR, retirei a minha paz, benignidade e misericórdia (Jr 16:5).
Portanto lançar-vos-ei fora desta terra, para uma terra que não conhecestes, nem vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses alheios de dia e de noite, porque não usarei de misericórdia convosco (Jr 16:13).
E depois disto, diz o SENHOR, entregarei Zedequias, rei de Judá, e seus servos, e o povo, e os que desta cidade restarem da pestilência, e da espada, e da fome, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão de seus inimigos, e na mão dos que buscam a sua vida; e feri-los-á ao fio da espada; não os poupará, nem se compadecerá, nem terá misericórdia (Jr 21:7).
Os que observam as falsas vaidades deixam a sua misericórdia (Jn 2:8).
Como Deus é misericordioso, Ele exige isto de nós também:
Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos (Os 6:6).
E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal (Jl 2:13).
Assim falou o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um para com seu irmão (Zc 7:9).
Embora este estudo tenha sido resumido quanto à ação misericordiosa de Deus no Antigo Testamento, creio que ficou claro o fato de que nosso Deus é um Deus compassivo, e que o foi no passado, antes da vinda de Cristo, e que continuou sendo benevolente, inclusive com os ímpios, depois de Jesus.
As misericórdias do Senhor duram para sempre, mas para os que amam a Deus.
EDNEIDE SANTANA
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
BENS MATERIAIS E MORDOMIAS CRISTÃ
Bens Materiais e Mordomia Cristã
- 1Tm 6.6-10; 2Co 9.6-15
Em se tratando de bens materiais, a igreja cristã parece que vive um
antagonismo. Uma parte dela entende que dinheiro tem uma importância tão grande
que não mede esforços para consegui-lo; por outro lado, há aqueles que quase
chagam a dizer que o dinheiro é sujo por isso devem minimizar o contato com qualquer
coisa que vá além das necessidades básicas do corpo.
Nossa proposta, então, é construir uma visão correta a respeito dos bens
materiais a partir das prescrições bíblicas.
A. Contentamento (1Tm 6.6-10)
O apóstolo Paulo, alertando seu jovem discípulo Timóteo disse que falsos
mestres se levantariam muito mais preocupados com as riquezas que poderiam
ganhar no exercício da religião do que com a pregação do evangelho. Estes,
disse ele, supõe que “a piedade é fonte de lucro” (1Tm 6.5b)
Para combater esse tipo de comportamento, Paulo afirmou que esse não foi
o ensinamento deixado por Jesus. Esses tais mestres, portanto, só poderiam ser
falsos mestres porque suas palavras e ações em prol da obtenção dos bens
matérias não eram compatíveis com as palavras e ações de Jesus.
Os falsos mestres eram materialistas. Paulo já idoso estava alertando
sobre como identifica-los, mas também para que Timóteo (e a nós também) não se
deixasse levar pelo mesmo caminho. De fato, no materialismo, reside uma força
tentadora que pode levar o povo de Deus a cair. Esse não era um problema novo
enfrentado somente por Timóteo, mas desde o Antigo testamento lidar com
riquezas sempre representou uma fonte quase inesgotável de problemas para o
povo de Deus. (Ver quadro “Um Problema Antigo”) Assim como os profetas do
Antigo Testamento revelaram ao povo como deveria ser prudente na administração
de seus bens, Paulo fazia o mesmo com Timóteo já no Novo Testamento. Todo o
conjunto da Bíblia, portanto, serve para nós, cristãos modernos, como um manancial
de exortações a respeito desse assunto.
Devemos entender o materialismo como sendo “a visão do mundo que coloca
a acumulação de coisas materiais no ponto alto do interesse privado e
corporativo. A busca da riqueza é vista como o mais alto bem no materialismo”
(R.C Sproul, Discípulos Hoje, São Paulo, Cultura Cristã, 1998, p. 239)
Paulo pôde ensinar a respeito do materialismo para Timóteo com grande
autoridade porque ele mesmo já havia passado por altos e baixos em sua vida
ministerial no que tange ao sustento pessoal. “Tanto sei estar humilhado como
também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência,
tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso
naquele que me fortalece. (Fp 4.12-13) O resultado disso foi que ele aprendeu a
viver contente em toda e qualquer situação. (Fp 4.11).
O remédio contra o materialismo conforme narrado por Paulo é o
contentamento ou frugalidade. Segundo o Dicionário Houaiss, a palavra
frugalidade pode ser definida como “simplicidade, sobriedade de costumes, de
hábitos etc.” Foram com palavras muito parecidas que Paulo orientou Timóteo:
“Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” (1Tm 6.8)
A lição direta que tiramos desse texto é que devemos nos esforçar para
ter o necessário. Se Deus der mais do que o necessário, devemos ficar tão
satisfeitos quanto se ele mandasse somente o necessário. “…não me dês nem a
pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que,
estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha
a furtar e profane o nome de Deus. (Pv 30.8-9)
De igual modo Jesus nos ensinou e nos prometeu que jamais nos faltaria o
necessário a vida. Primeiro ele nos ensinou que deveríamos orar somente pelo
“pão nosso de cada dia” (Mt 6.11). Depois, confirmou este conceito dizendo que
se Deus cuida das aves do céu e das flores do campo, não deveríamos nos deixar
levar pela ansiedade quando ao alimento e as vestes (Mt 6.25-34). A aflição
pelas posses materiais é um comportamento típico dos gentios (Sl 73. 7 e 12),
daqueles que não conhecem e não sabem que existe um Deus que zela pelo
bem-estar. (Mt 6.32). Da mesma sorte alertou Isaías: “Por que gastais o
dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz?
Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares.”
(Is 55.2) Com certeza, em vez de termos o coração nos tesouros deste mundo (Mt
6.19), devemos tê-lo em um bem mais duradouro (Mt 6.20-21), fruto de um reino eterno
(Mt 6.33).
B. Mordomia
Como as posses materiais sempre foram uma nascente de problemas para o
cristão que deseja ter sucesso na obediência a Deus, um novo tipo de
radicalismo surgiu na Idade Média e ainda impera na mente de muitos em nossos
dias: o idealismo.
Com o intuito de não se contaminarem com o mundo e nem com os valores
dessa vida muitos chegaram a admitir que qualquer tipo de posse material era
maligna. Surgiram, então, movimentos como o dos franciscanos pregando a
necessidade de se viver em monastérios, ou seja, uma tentativa de se excluir
desse mundo.
Percebemos com muita clareza através das páginas das Escrituras que o
objetivo de Deus para os seus filhos nunca foi isolá-los do mundo. Jesus disse:
“Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.” (Jo 17.15) Em
grande parte de sua Oração Sacerdotal (Jo 17), Jesus se preocupou em interceder
por seu povo que está no mundo, mas não é desse mundo;. ou seja, por justamente
saber de todas as nossas dificuldades, ele pede ao Pai por nós porque temos a
obrigação de viver os valores do Reino de Deus em um mundo que “jaz no maligno”
(1Jo 5.19).
Podemos dizer, então, que no que se refere a posses, o padrão do Reino
de Deus é abstenção total delas? Claro que não. Eis 2 motivos:
1. Porque Deus é o possuidor de todas as coisas
O rei Davi, ao consagrar todas as ofertas destinadas para a construção
do Templo de Jerusalém, disse: “Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a
vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu,
SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória
vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o
engrandecer e a tudo dar força. (1 Cr 29.11-12). Não Podemos nos esquecer que
tudo o que existe foi criado por Deus e a opinião dele sobre sua obra está
registrada: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.” (Gn 1.31a).
Por isso sempre que o ser humano tenta de alguma forma dar mais valor ao que
foi Criado do que ao próprio Criador, Deus faz lembrar que tudo o que existe é
dele, como aconteceu no caso da soberba do rei Nabucodonosor (Dn 4) ou dos
hebreus sob a profecia de Ageu (Ageu 2.8); afinal, “ao SENHOR pertence a terra
e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.” (Sl 24.1)
2. Porque Deus instituiu o ser humano como administrador
Deus, sendo criador e possuidor de todas as coisas, pode dispor de seus
“bens” da forma como melhor lhe apraz. Deus deu uma ordem específica no Éden
para que o ser humano cuidasse da criação e Ele nos instituiu como
vice-gerentes dela. Esse é o melhor sentido para a palavra “mordomia” – aquele
que cuida de algo que não é seu. Tudo vem de Deus, já sabemos disso: “… pois
ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais.” (At 17.25a)
A maior dificuldade está na definição de posse. Afinal de contas, você é
possuidor de algo, como uma casa, carro, bicicleta… nem que seja um palito de
sorvete, você possui alguma coisa. Ricos ou pobres devem se lembrar que
“possuir de fato” é algo que não existe para o ser humano. Toda a riqueza que
hoje está nas mãos de alguém, ontem esteve nas mãos de outros e amanhã, de um
terceiro. Pela própria finitude e mortalidade humanas, não conseguimos e jamais
conseguiremos possuir algo em definitivo que seja deste mundo. Nada é nosso,
mas o que “temos” está conosco. Só um pode dizer que “tem” e esse é o próprio
Deus. Tudo o que está em nossas mãos e muitas vezes arrogantemente dizemos que
“é nosso”, na verdade é de Deus. Está comigo para que eu cuide bem e depois
preste conta da maneira que trabalhei aquilo que me foi confiado (Mt 25.14-30).
O conceito de mordomia nos responsabiliza a trabalhar aquilo que Deus
tem confiado a nossas mãos de maneira inteligente. Há cristãos que entendem que
não seja certo o uso de uma caderneta de poupança, por exemplo. Essa opinião,
mesmo que proferida com as melhores das intenções, se choca com o ensinamento
bíblico. Na parábola do semeador, Jesus legitima o uso de um banco para que o
dinheiro não se desvalorize (Mt 25.27). Isso é feito não porque o servo ama o
dinheiro e sim porque ele quer cuidar da melhor forma possível daquilo que lhe
foi deixado nas mãos pelo seu Senhor. Ele ama o seu Senhor mais do que todas as
coisas (Dt 6.5; 11.1; Mt 22.37). Mais do que o próprio dinheiro.
C. Generosidade (2Co 9.6-15)
O bom mordomo deve demonstrar amor ao seu Senhor obedecendo-o em suas
recomendações sobre como cuidar dos bens que temporariamente estão com ele.
Deus disse que uma das maneiras de usar nossas posses seria na assistência aos
necessitados. Afinal, o amor a Deus está diretamente ligado com o amor ao
próximo (Lc 10.27; 1Jo 4.20).
O apóstolo Paulo entende essa conexão que existe entre servir a Deus e
ao próximo e detalha ainda mais o conceito: “enriquecendo-vos, em tudo, para
toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas
graças a Deus. Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade
dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus,” (2 Co 9:11-12)
Em outra oportunidade, quando Paulo recebeu uma oferta dos irmãos
filipenses ele se demonstrou alegre mais pelas bênçãos advindas do
relacionamento daquela igreja com Deus do que pela oferta em si (Fp 4.17).
O dever de ajudar não pertence somente ao rico – se bem que este tem
mais responsabilidade nesta tarefa – mas a todos, mesmo os mais pobres (2Co
8.1-6).
Conclusão
O resultado de uma boa visão sobre a administração daquilo que nos é
confiado por Deus está em primeiro lugar em poder obedecê-lo e agradá-lo. Mas
Deus é tão gracioso que na obediência a ele nós recebemos bênçãos sem medida.
Como cristãos temos que aprender a viver mais gratos pelo que temos e dispostos
a abrir nossa mão para ajudarmos uns aos outros, pois se assim procedermos,
Deus também abrirá sua mão para nós, mas com uma grande diferença: a mão de
Deus é infinitamente maior do que a nossa.
“E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que
semeia com fartura, com abundância também ceifará.” (2 Co 9.6)
Um problema Antigo
Isaías
Clamou contra a injustiça, o suborno, a maldade e a opressão
destruidora. Ninguém tem direito de oprimir o outro. Isaías inspirado pelo
Espírito revelou que atos como aqueles eram ofensivos a Deus. Quem tinha
condições comprava a justiça, portanto, os juízes eram corruptos, o poder
legislativo e executivo se deixavam vender. Como poderia Deus tolerar
semelhante coisa? (1.15-17,23; 5.8,23; 58.6,7).
Jeremias
Denunciou o enriquecimento ilícito e também a opressão contra: pobres,
viúvas, órfãos; também percebeu que a ambição se assenhoreava dos homens. O
profeta viu o rico comprando os tribunais, o perverso ser justificado e o justo
condenado. O profeta clamau, denunciou e diz que Deus, o justo juiz, iria
castigar todo tipo de injustiça praticada pelo homem (5.26-29; 9.2-6;
22.13-17).
Amós
Não se amedrontou diante das autoridades, acusou-as de coniventes com as
injustiças, denunciou o pecado de participarem de um sistema de vida que
destruía os mais fracos, os humildes e os pobres da terra. Enquanto o império
se expandia pelas mãos de Jeroboão II, os camponeses tinham de pagar o
exército, o luxo e a suntuosidade da vida palaciana. Uma desigualdade tão
grande que causou repugnância aos olhos do profeta. Amós denunciou, trouxe a
Palavra do Senhor e não calou-se ao ver tanta riqueza conseguida como fruto da
violência e da exploração (3.10). Falou diante das finas damas, não poupando
seu vocabulário, disse que elas eram “vacas de basã” (4.1). Devido a todos os
abusos cometidos contra os mais fracos, Amós se convenceu, Deus irá tomar
vingança, Deus não poupará nenhum no dia do juízo (4.2,3; 8.7-10).
Miquéias
Se levantou como a voz de Deus e clamou contra todos os abusos cometidos
pelos detentores do poder. Ele sabia dos que passavam a noite planejando o mal,
para colocar em prática à luz do dia (2:1,2). Ele denunciou aquilo que foi
conquistado ilicitamente, às custas da mentira, da balança falsa e da
opressão,.Quem se enche com o sangue dos outros será destruído por Deus
(6:10-13). A liderança do país estava corrompida (7:3). Miquéias vê, analisa e
revela a voz de Deus. Ele irá exercer vingança contra essa forma de vida
corrupta.
Apesar de serem citados apenas quatro profetas nesse quadro, o período
pré-cativeiro de profecia sob a palavra deles é bastante longo. Desde 740 a.C.
(Isaías) até 585 A.C. (Jeremias). Ou seja, 125 anos. Durante todo este tempo
Deus enviou a mesma mensagem ao seu povo por meio de diferentes profetas e o
povo não se arrependeu.
domingo, 13 de janeiro de 2013
CRISTÃOS E O SEU PAPEL PROFÉTICO-SOCIAL
O Cristão e seu papel
profético-social
Miquéias 6.1-16
O assunto justiça social é tão atual quanto polêmico.
É atual porque parece que a cada dia nosso país se distancia mais e mais
de uma política social justa que visa atenuar os problemas dos mais
desafortunados.
É polêmico porque muitos insistem em achar que a igreja não deve se
preocupar com isso, seu papel é somente adoração. É claro que a função
primordial da igreja é cultuar a Deus, mas como veremos, adorar a Deus implica
em fazermos o que ele manda. A primeira delas é sermos exemplos de justiça.
Recentemente foi divulgado nos jornais um estudo sobre a distribuição de
renda no Brasil. A metade mais pobre da população detém 11,6% dar riquezas
enquanto os 20% mais ricos do Brasil, ficam com 63,4%. Não pense que este é o
fim do mundo. Os profetas do Antigo Testamento lidavam com situações muito
piores do quer esta.
Vejamos como eles tratavam o problema e como isto pode nos servir de
lição no nosso contexto, de nosso país.
I. A Voz dos profetas - Denúncias
O período dos profetas no Antigo Testamento pode ilustrar muito bem a
indignação de Deus em relação a injustiça social.
Dentro do ideal divino, havia lugar para todos e o respeito a certas
regras de organização e conduta, que manteria o povo, de certa forma tranqüilo.
O grande problema é que o profeta começou a perceber uma grande
desigualdade. O problema não era a desigualdade em si mesma. O que levou os
profetas a tocar na questão foi a imensa diferença de uma classe social e a
outra. Se Deus estabeleceu leis aos pobres, viúvas, órfãos, escravos,
estrangeiros, é porque Deus já sabia que haveria certas diferenças, mas há
diferenças que são toleráveis e suportáveis, há certas diferenças que são
naturais e até necessárias, o que não pode haver, e, era exatamente a denúncia
profética, é a opressão, o roubo, a indiferença, o desejo de adquirir tirando o
que pertence ao outro, subornando juízes, sacerdotes, falsos profetas, etc..
Agora veremos qual foi a palavra que o profeta trouxe da parte de Deus, neste
tempo de opressão social:
A. Isaías
Clamou contra a injustiça, o suborno, a maldade e a opressão
destruidora, contra o próximo. Ninguém tem direito de oprimir o outro. Isaías
dizia que atos como aqueles eram ofensivos a Deus. Quem tinha condições
comprava a justiça, portanto, os juízes eram corruptos, o poder legislativo e
executivo se deixava vender; como poderia Deus tolerar semelhante coisa?
(1:15-17,23; 5:8,23; 58:6,7).
B. Jeremias
Denunciou o enriquecimento ilícito e também a opressão contra: pobres,
viúvas, órfãos; também percebeu que a ambição se assenhoreava dos homens, o
profeta viu o rico comprando os tribunais, viu o perverso ser justificado e o
justo condenado. O profeta clama, denuncia e diz que Deus o justo juiz irá
castigar todo tipo de injustiça praticada pelo homem (5:26-29; 9:2-6;
22:13-17).
C. Amós
Não se amedrontou diante das autoridades, acusou-as de conivência com as
injustiças, denunciou o pecado de participarem de um sistema de vida que
destruía os mais fracos, os humildes e os pobres da terra. Enquanto o império
se expandia pelas mãos de Jeroboão II, os camponeses tinham de pagar o
exército, o luxo e a suntuosidade da vida palaciana. Uma desigualdade tão
grande que causou repugnância aos olhos do profeta. Amós denunciou, trouxe a
Palavra do Senhor, não podia calar-se, ao ver tanta riqueza conseguida como
fruto da violência e da exploração (3:10). Falou diante das finas damas, não
poupou se vocabulário, disse que elas eram “vacas de basã” (4:1). Devido a
todos os abusos cometidos contra os mais fracos, Amós se convenceu, Deus irá
tomar vingança, Deus não poupará nenhum no dia do juízo (4:2,3; 8:7-10).
D. Miquéias
Se levantou como a voz de Deus e clamou contra todos os abusos cometidos
pelos detentores do poder. Ele sabia dos que passavam a noite planejando o mal,
para colocar em prática à luz do dia (2:1,2). Ele denunciou aquilo que foi
conquistado ilicitamente, às custas da mentira, da balança falsa e da opressão,
quem se enche com o sangue dos outros será destruído por Deus (6:10-13). A
liderança do país estava corrompida (7:3). Miquéias vê, analisa e revela a voz
de Deus. Deus irá exercer vingança contra esta forma de vida corrupta.
Apesar de serem citados apenas quatro profetas nesta sessão, o período
de profecia sob a palavra deles é bastante longo. Desde 740 a.C. (Isaías) até
585 A.C. (Jeremias). Ou seja, 125 anos. Durante todo este tempo a mesma
mensagem Deus enviava a seu povo por meio de diferentes profetas e o povo não
se arrependeu.
II. A Voz do Povo – Reclamações
Parecia injusto aos olhos do povo uma palavra tão dura de Deus
justamente em uma época de tanta religiosidade. “Que mais Deus quer de nós?
Será que ele quer mais sacrifícios? O que pode saciar um Deus tão grande? Será
que ele quer o meu filho mais velho como holocausto?” (Mq 1.6-7)
Puro cinismo. Achavam Deus exigente demais. Criam que sua religiosidade
era mais que suficiente para agradar qualquer deus. Que direito tinha ele de
querer mais? “O que é que pode saciá-lo?
Isaías foi contemporâneo de Miquéias. A mensagem de seus livros tem
muita coisa em comum. Não é de se admirar então, que tenha enfrentado a mesma
dificuldade com o povo. Veja Isaías 1.10-17. A coisa ia mal. Sofriam ataques
dos inimigos, as colheitas eram sempre saqueadas. A reação do povo foi
multiplicar sacrifícios a Deus, perseveram em orações, fazer mais festas
religiosas. Faziam isso como se pudessem comprar o favor de Deus. Esforço vão.
Para tudo isso Deus disse: “…a minha alma as aborrece, estou cansado de as
sofrer.” (Is 1.14)
Dois profetas constataram a mesma tendência do povo de querer barganhar
bênçãos com Deus e reclamar “só porque” esse Deus não se deixava comprar.
Uma questão muito importante precisa ser respondida através de nossas
vidas: O que é ser crente? Será que freqüentar a igreja 2 ou 3 vezes por semana
nos faz um?
Os argumentos do povo podem ser modernizados: “vou a igreja sempre, dou
meu dízimo e até ofertas... o que mais Deus quer de mim?” Da mesma forma que
Judá e Israel, se usarmos estes tipos de argumentos vamos estar barganhando com
Deus
III. A Voz de Deus – Exortação à prática
Eles entenderam tudo errado! Deus não queria mais sacrifícios ou festas.
Chega de falsa religiosidade (1 Sm 15.22; Sl 51.16-17; Ec 5.1; Os 6.6; Rm
14.17). Não adianta nada fazerem sacrifícios sem fim e ao mesmo tempo
praticarem o suborno; festas junto com opressão ao pobres.
A essência do recado de Deus foi que o problema social era a prova da
falsa religiosidade deles. Ou em outras palavras, melhor que tudo aquilo era
ser honesto e justo, saber amar e perdoar, e ser humilde diante de Deus. (Mq
6.8) “Aprendam a fazer o bem, a ser honestos e a ajudar os pobres, os órfãos e
as viúvas” (Is 1.17)
O crente quando comete injustiças sociais vai contra tudo aquilo que
crê. Por vezes é difícil resistir à tentação. Afinal, muitas pessoas
inescrupulosas, enriquecem rapidamente, enquanto outros que temem a Deus ,vivem
somente com o necessário. Será que vale a pena ser justo? Leia Malaquias
3.13-18 e responda você mesmo a esta pergunta.
Conclusão
Como a igreja pode lidar com a injustiça social?
Em primeiro lugar, não a praticando. Como vimos, se alguém diz adorar a
Deus e mesmo assim comete um monte de injustiça, essa pessoa é hipócrita, diz
uma coisa e faz outra. Se quisermos mudar o padrão do mundo, temos que
apresentar um padrão diferente. Nada pode ser mais eficaz e causar tanto impacto
quanto um exemplo diferente!
Em segundo lugar, a igreja e os crentes podem e deve tentar amenizar o
problema que no Brasil é quase generalizado. Como isso pode ser feito
Veja alguns exemplos de atuação da igreja na área de justiça social:
a. pressão política – cobrar do governo atitudes
b. desenvolver projetos de auxílio a comunidade local mais carente.
(sopão, distribuição de roupas, cestas básicas...)
Nossa igreja tem várias frentes de trabalho visando o
bem social. Seja através da Junta Diaconal, departamentos internos ou de projetos
especiais, você pode se engajar nessa lida ta
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