O Espírito Santo (Paráclito)
O Espírito Santo Ministra aos crentes
O Paráclito. Palavra do grego
"parakletos", o mediador, o defensor, o consolador. Jesus nos
apresenta ao Espírito Santo dizendo: "O Pai vos dará outro Paráclito"
(Jo 14,16).
"Mas, quando vier aquele Espírito de
verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas
dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me
glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar."
Jo 16.13,14
Antes da paixão de Jesus. Ele prometeu que o
Pai e Ele enviariam a seus discípulos "outro Consolador" (Jo
14.16,26; 15.26; 16.7). O Consolador ou Paráclito (ou Paracleto, da palavra
grega parakletos, que significa o que dá auxilio), é um ajudador, conselheiro.
fortalecedor, estimulador, aliado e advogado. Outro única que Jesus foi o
primeiro Paráclito e está prometendo um substituto, que, após sua partida,
continuará o ensino e o testemunho que Ele havia iniciado (Jo 16.6,7).
O ministério do Paráclito, por sua própria
natureza, é um ministério pessoal e relacional, implicando a plena pessoalidade
de quem o consuma. Embora o Velho Testamento tenha dito muito acerca da
atividade do Espírito na Criação (por exemplo, Gn 1.2; Sl 33.6), na revelação
(p. ex., Is 61.1-6; Mq 3.8), na capacitação para o serviço (p. ex., Êx 31.2-6;
Jz 6.34; 15.14,15; Is 11.2), e na renovação interior (p. ex., Sl 51.10-12; Ez
36.25-27), ele não torna claro que o Espírito é uma Pessoa divina distinta. No
Novo Testamento, contudo, fica claro que o Espírito é verdadeiramente uma
Pessoa distinta do Pai, assim como é o Filho. isto é evidente não somente pela
promessa de "outro Consolador", mas também pelo fato de que o
Espírito, entre outras coisas, fala (At 1.16; 8.29; 10.19; 11.12; 13.2; 28.25),
ensina (Jo 14.26), testemunha (Jo 15.26), busca (1 Co 2.10,11), determina ( 1
Co 12.11), intercede (Rm 8.26,27), é alvo de mentira (At 5.3), e pode ser
afligido (Ef 4.30). Somente de um ser pessoal podem ser ditas tais coisas.
A divindade do Espírito surge da declaração de
que mentir ao Espírito é mentir a Deus (At 5.3,4), e da associação do Espírito
com o Paia e o Filho nas bênçãos ( 2 Co 13.14; Ap 1.4-6) e na fórmula do
batismo (Mt 28.19). O Espírito é chamado "os sete espíritos" em
Apocalipse 1.4; 3.1; 4.5; 5.6, em parte, parece, porque sete é um número que significa
a perfeição divina e, em parte, porque o Espírito ministra em sua plenitude.
Portanto, o Espírito é "Ele", não
"ele", e deve ser obedecido, amado e adorado, juntamente com o Pai e
o Filho.
Testemunhar a Jesus Cristo, glorificá-lo,
mostrando a seus discípulos quem e o que Ele é (Jo 16.7-15), e fazê-los
cônscios do que são nele (Rm 8.15-17; Gl 4.6) é o ministério central do
Paráclito. O Espírito nos ilumina (Ef 1.17,18), regenera (Jo 3.5-8), guia-nos à
santidade (Rm 8.14; Gl 5.16-18), transforma-nos (2 Co 3.18; Gl 5.22,23), dá-nos
certeza ( (Rm 8.16), e dons para ministério ( 1 Co 12.4-11). Todo trabalho de
Deus em nós, tocando nosso corações, nosso caráter e nossa conduta, é feito
pelo Espírito, embora aspectos desse trabalho sejam, às vezes, atribuídos ao
Pai e ao Filho, de quem o espírito é executivo.
O pleno ministério do Espírito começa na manhã
do Pentecostes, logo depois da ascensão de Jesus (At 2.1-40, João Batista
predisse que Jesus batizaria com Espírito Santo ( Mc 1.8; Jo 1.33), de acordo
com a promessa do Velho Testamento de um derramamento do Espírito de Deus nos
últimos dias (Jl 2.28-32; cf. jr 31.31-34), e Jesus havia repetido a promessa
(At 1.4,5). A significação da manhã do Pentecostes foi duplo: ela marcou o
início da era final da história do mundo antes do retorno de Cristo, e,
comparada com a era do Velho Testamento, marcou uma formidável intensificação
do ministério do Espírito e da experiência de viver para Deus.
Os discípulos de Jesus foram evidentemente
crentes nascidos do Espírito antes do Pentecostes, de sorte que seu batismo no
Espírito, que trouxe poder à sua vida e ministério (At 1.8), não foi o começo
de sua experiência espiritual. Para todos, porém, que chegaram à fé desde a
manhã do Pentecostes, começando com os convertidos naquele evento, o
recebimento do Espírito na plena bênção da nova aliança tem sido um aspecto de
sua conversão e novo nascimento (At 2.37; Rm 8.9. 1 Co 12.13). Todas as
aptidões para o serviço que surgem subseqüentemente na vida de um cristão devem
ser vistas como a seiva emanada desse batismo espiritual inicial, que une
vitalmente o pecador ao Cristo ressurreto.
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A Divindade do Espírito Santo
Gn 1.12; At 5.3,4; Rm 8.9-17; 1 Co 6.19,20; Éf
2.19-22
Na liturgia da Igreja, freqüentemente ouvimos
as palavras: "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, amém".
Esta expressão é uma fórmula trinitariana que atribui divindade a todas as três
pessoas da Trindade.
Semelhante, cantamos:
Glória seja dada ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo. Como era no principio, é hoje e para todos sempre, eternamente.
Amém, Amém.
Este cântico atribui glória eterna às três
pessoas da Trindade. O Espírito Santo recebe glória junto com o Pai e o Filho.
Enquanto a divindade de Cristo foi debatida
durante séculos e o debate continua ainda hoje, a divindade do Espírito Santo
geralmente é aceita na Igreja. A razão pela qual a divindade do Espírito Santo
nunca tenha sido alvo da controvérsia, talvez seja porque nunca assumiu a forma
humana.
A Bíblia claramente representa o Espírito
Santo como possuindo atributos divinos e exercendo autoridade divina. Desde o
século IV, praticamente todos os que concordam que ele é uma pessoa também
concordam que o Espírito é divino.
No Antigo Testamento, o que se diz de Deus
freqüentemente também se diz do Espírito de Deus. As expressões "Deus
disse" e o "Espírito disse" são repetidamente intercambiadas.
Estes padrão continua no Novo Testamento; talvez em nenhum outro texto isso
fique tão claro como em Atos 5.3,4, onde Pedro diz: "Ananias, por que
encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando
parte do valor do campo?... Não mentiste aos homens, mas a Deus".
Resumindo, mentir ao Espírito Santo é o mesmo que ao próprio Deus.
As Escrituras também se referem aos atributos
divinos do Espírito Santo. Paulo escreve sobre a onisciência do Espírito em 1 Coríntios
2.10,11: "Mas Deus no lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas
as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens
sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim,
também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”. O
salmista atesta sobre a onipresença do Espírito no Salmo 139.7,8: "Para
onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos
céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás
também;" . O Espírito também operou na criação, movendo-se sobre a face
das águas (Gn 1.1,2).
Como uma declaração conclusiva sobre a
divindade do Espírito Santo, temos a bênção de Paulo no final da sua segunda
carta aos Coríntios: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e
a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós." (2 Co 13.13).
Sumário
1. A liturgia da igreja atribui divindade ao
Espírito Santo.
2. O Antigo Testamento reconhece atributos e
autoridades divinos do Espírito Santo.
3. O Novo Testamento reconhece atributos
divinos do Espírito Santo.
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A Personalidade do Espírito Santo
Jo 16.13; 2 Co 13.13; 1 Tm 4.1; Tg 4.5; 1 Jo
5.6
"Todavia digo-vos a verdade, que vos
convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas,
quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do
pecado, e da justiça e do juízo." (Jo 16.7,8)
Na noite em que minha esposa se converteu a
Cristo, ela exclamou: "Agora eu sei quem é o Espírito Santo". Antes
daquele momento, ela pensava no Espírito como uma "coisa" e não como
um ser pessoal.
Quando falamos da personalidade do Espírito
Santo, queremos dizer que o Terceiro Membro da Trindade é uma pessoa e não uma
força. Isso é muito claro nas Escrituras, onde só pronomes pessoais são usados
em referência ao Espírito. Em João 16.13, Jesus disse: "Mas, quando vier
aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará
de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de
vir.".
Visto que o Espírito Santo é uma pessoal real
e distinta, e não uma força impessoal, podemos experimentar uma relacionamento
pessoal com ele. Paulo abençoa a igreja de Corinto de uma maneira que enfatiza
isso: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do
Espírito Santo sejam com todos vós." (2 Co 13.13 - ou em algumas versos 2
Co 13.14). Ter comunhão com alguém é entrar em relação pessoal com ele. Além
disso, somos intimados a não pecar contra, resistir ou entristecer o Espírito
Santo. Forças impessoais não podem ser "entristecidas". Tristeza só
pode ser experimentada por um ser pessoal.
O Espírito Santo é uma pessoa, e por isso é
correto orar a ele. Seu papel na oração é nos assistir, para nos expressarmos
adequadamente ao Pai. Assim como Jesus intercede por nós como Sumo Sacerdote,
também o Espírito Santo intercede por nós em oração.
Finalmente, a Bíblia fala do Espírito Santo
desempenhado tarefas que só pessoas podem desempenhar. O Espírito conforta,
guia e ensina os eleitos (ver Jo 16). Essas atividades são feitas de uma
maneira que envolve inteligência, vontade, sentimentos e poder. Ele sonda,
escolhe, revela, conforta, convence e admoesta.Somente uma pessoa poderia fazer
tais coisas. A resposta do cristão, portanto, não é mera afirmação de que tal
ser existe, mas antes, obedecer, amar e adorar o Espírito Santo, a Terceira
Pessoa da Trindade.
Sumário
1. O Espírito Santo é uma pessoa, não uma
força impessoal.
2. A Bíblia usa pronomes pessoas ao referir ao
Espírito Santo.
3. A obra do Espírito Santo tanto requer como
exibe personalidade.
4. O cristão experimenta um relacionamento
pessoal com o Espírito Santo.
5. o Espírito Santo deve ser cultuado e
obedecido.
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Divindade e Personalidade do Espírito
A divindade do Espírito Santo
Pode-se estabelecer a veracidade da divindade
do Espírito Santo com base na Escritura segundo uma linha de comprovação muito
semelhante à que foi empregada com relação ao Filho:
(1) São-lhe dados nomes divinos, Êx 17.7
(compare com Hb 3.7-9); At 5.3,4; 1 Co 3.16; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21.
(2) São lhe atribuídas perfeições divinas,
como onipresença, Sl 139.7-10; onisciência, Is 40.13,14 (compare com Rm 11.34);
1 Co 2.10,11; onipotência, 1 Co 12.11; Rm 15.19, e eternidade, Hb 9.14.
(3)El realiza obras divinas, como a criação,
Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; renovação providencial; Sl 104.30; regeneração, Jo
3.5,6, Tt 3.5; e a ressurreição dos mortos, Rm 8.11.
(4) É-lhe prestada honra divina, Mt 28.19; Rm
9.1; 2 Co 13.13.
A personalidade do Espírito Santo
As expressões "Espírito de Deus" e
"Espírito Santo" não sugerem personalidade com a clareza que o termo
"Filho" sugere. Além disso, a pessoa do Espírito Santo não apareceu
de forma claramente discernível entre os homens, como aconteceu com a pessoa do
Filho de Deus. Como resultado, a personalidade do Espírito Santo muitas vezes
foi posta em questão e, portanto, merece atenção especial. A personalidade do
Espírito foi negada na Igreja Primitiva pelos monarquistas e pneumatomaquianos.
Nesta negação eles foram seguidos pelos socianos dos dias Reforma. Mais
recentemente, Schleiermacher, Ritschl, os unitários, os modernistas dos dias
atuais e todos os sabelianos modernos rejeitam a personalidade do Espírito
Santo. Muitas vezes se diz hoje em dia que as passagens que parecem implicar a
personalidade do Espírito Santo simplesmente contêm personificações. Mas as
personificações certamente são raras nos escritos em prosa do Novo Testamento,
e podem ser reconhecidas com facilidade. Ademais, essa explicação evidentemente
destrói o sentido de algumas dessas passagens como, por exemplo, Jo 14.26;
16.7-11; Rm 8.26.
Aprova bíblica da personalidade do Espírito
Santo é mais que suficiente:
(1) Designativos próprios de personalidade Lhe
são dados. Embora pneuma seja neutro, o pronome masculino ekeinos é utilizado
com referência ao Espírito Santo em Jo 16.14; e em Ef 1.14 algumas das melhores
autoridades têm o pronome relativo masculino hos. Além disso, é-lhe aplicado o
nome Parakletos, Jo 14.26; 15.26; 16.7, termo que não pode ser traduzido por "conforto",
"consolação", nem pode ser considerado como nome de alguma influência
abstrata. Um fato que indica que se trata de uma pessoa é que o Espírito Santo,
como Consolador, é colocado em justa posição com Cristo como Consolador que
estava para partir, a quem o mesmo termo é aplicado em 1 Jo 2.1. É verdade que
este termo é seguido pelos neutros ho e auto em Jo 14.16-18, mas isto se deve
ao fato de que intervém o vocábulo pneuma.
(2) São-lhe atribuídas características de
pessoa, como inteligência, Jo 14.26; 15.26; Rm 8.16, vontade, At 16.7; 1 Co
12.11, e sentimentos, Is 63.10; Ef 4.30. Demais, Ele realiza atos próprios de
personalidade. Sonda, fala, testifica, ordena, revela, luta, cria, faz
intercessão, vivifica os mortos, etc., Gn1.2; 6.3; Lc 12.12; Jo 14.26; 15.26;
At 8.29; 13.2; Rm 8.11; 1 Co 2.10,11. O realizador destas coisas não pode ser
um simples poder ou influência, mas tem que ser uma pessoa.
(3) É apresentado como mantendo tais relações
com outras pessoas, que implicam Sua própria personalidade. Ele é colocado em
justaposição com os apóstolos em At 15.38, com Cristo em Jo 16.14, e com o Pai
e o Filho em Mt 28.19; 2 Co 13.13; 1 Pe 1.1,2; Jd 20,21. Uma boa exegese exige
que nestas passagens o Espírito Santo seja considerado uma pessoa.
(4) Também há passagens em que se distingue
entre o Espírito e o Seu poder, Lc 1.35; 4.14; At 10.38; Rm 15.13; 1 Co 2.4.
Tais passagens seriam tautológicas, sem sentido, e até absurdas, se fossem
interpretadas com base no princípio de que o Espírito é pura e simplesmente um
poder impessoal. Pode-se ver isto substituindo o nome "Espírito
Santo" pela palavra "poder" ou "influência".
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O Testemunho Interior do Espírito Santo
Jo 15.13; At 5.32; At 15.28; Rm 8.16; Gl
5.16-18
"E nós somos testemunhas destas coisas, e
bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem." At
5.32
Em qualquer tribunal de júri que inclua
testemunhas, o depoimento delas é crucial para o caso. O testemunho é
importante porque destina se a ajudar-nos a chegarmos à verdade sobre o caso.
Em alguns julgamentos, o depoimento de algumas testemunhas é questionado em
razão de o caráter delas ser suspeito. O testemunho de um psicopata mentiroso
tem pouquíssimo valor. Para que o testemunho tenha credibilidade, a testemunha
precisa ser confiável.
Quando Deus testifica sobre a verdade de
alguma coisa, seu testemunho é certo e totalmente inquestionável. O testemunho
que tem Deus como autor não pode falhar. Ele é de fato um testemunho infalível.
Procede do caráter mais elevado possível, da fonte mais profunda de
conhecimento e da mais suprema autoridade. A confiabilidade do testemunho de
Deus fez Lutero certa vez declarar: "O Espírito Santo não é cético."
As verdades que pelo Espírito Santo revela são mais certas do que a própria
vida.
João Calvino ensinava que apesar de as
Escrituras manifestarem sinais claros e inquestionáveis da sua autoridade
divina e exibir evidências satisfatórias de sua origem divina, essas evidências
não nos persuadem plenamente até que, ou a menos que, sejam seladas em nosso
coração por meio do testemunho interior do Espírito Santo. Calvino reconhecia a
diferença entre prova e persuasão. Mesmo que sejamos capazes de oferecer provas
objetivas e conclusivas sobre a verdade das Escrituras, isso não é garantia de
que as pessoas irão crer nelas, aceitá-las ou abraçá-las. Para que sejamos
persuadidos quanto à verdade das Escrituras, precisamos de ajuda do testemunho
interior do Espírito. Ele nos leva a concordar com as evidências irrefutáveis
da verdade da Bíblia ou aceitá-las.
E seu testemunho interior, o Espírito Santo
não oferece nenhuma informação nova e secreta, nem nenhum argumento mais
engenhosos ao qual não podemos ter acesso por outros meios. Pelo contrário, ele
opera em nosso espírito para quebrar e vencer nossa resistência à verdade de
Deus. Ele nos move a redermos nos ao ensino claro da Palavra de Deus e a
abraçá-la cheios de confiança.
O testemunho interior do Espírito não é uma
figura para misticismo nem um escape para o subjetivismo, onde os sentimentos
pessoais são elevados à condição de autoridade absoluta. Existe uma diferença
crucial entre o testemunho do Espírito Santo ao nosso espírito e o testemunho
humano do nosso próprio espírito. O testemunho do Espírito Santo é a Palavra de
Deus. Chega a nós com a Palavra e através da Palavra. Não é um testemunho
separado ou desprovido da Palavra.
Assim como o Espírito Santo testifica ao nosso
espírito de que somos filhos de Deus, confirma sua Palavra a nós (Rm 8.16),
assim ele também nos assegura intimamente que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Sumário
1. O testemunho de Deus é totalmente
confiável.
2. A Bíblia oferece evidências objetivas de
que é a Palavra de Deus.
3. Não somos totalmente persuadidos quanto à
verdade das Escrituras sem o testemunho do Espírito Santo.
4. O testemunho interior do Espírito não
oferece argumento novo à mente, mas opera em nosso coração e em nosso espírito
nos levando a aceitarmos as evidências que já estão lá.
5. A doutrina do testemunho interno do
Espírito Santo não é uma licença para acreditarmos que tudo o sentimentos ser
verdadeiro é de fato verdadeiro.
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Iluminação
O Espírito Santo dá Entendimento Espiritual
"O homem natural não aceita as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente."1 Coríntios 2.14
O conhecimento das coisas divinas, para o qual
os cristãos são atraídos, é mais do que uma intimidade formal com as palavras
bíblicas e as idéias cristãs. É uma conscientização da realidade e relevância
das atividades do Deus triúno, as quais a Escritura testifica. Tal
conscientização não é normal nas pessoas, por mais familiaridade que tenham com
as idéias cristãs (como o homem sem o Espírito em 1 Co 2.14, que não aceita o
que os cristãos lhe dizem, ou os cegos guias de cegos, de quem Jesus falou tão
causticamente em Mt 15.14, ou Paulo antes do seu encontro com Jesus na estrada
de Damasco). Somente o Espírito Santo, perscrutador das profundezas de Deus (1
Co 2.10), pode efetuar essa conscientização em nossas mentes e corações obscurecidos
pelo pecado. É por isso que é chamada “entendimento espiritual” (espiritual
significa “dado pelo Espírito”, Cl 1.9; cf. Lc 24.25; 1 Jo 5.20) . Aqueles que,
ao lado de uma sólida instrução verbal, possuem “unção que vem do Santo...(têm)
conhecimento da verdade” 1Jo 2.20.
A obra do Espírito de conceder esse
conhecimento é chamada “iluminação”. Não é uma nova revelação que esteja sendo
dada, mas uma obra dentro de nós que nos capacita a compreender e amar a
revelação que está ali diante de nós no texto bíblico ouvido ou lido., e
explanado por professores e escritores. O pecado em nosso sistema mental e
moral anuvia nossas mentes e vontades, de modo que não compreendemos a força da
Escritura e resistimos a ela. Deus parece-nos remoto, ao extremo da irrealidade,
e diante da sua verdade somos embotados a apáticos. O Espírito, contudo, abre e
desanuvia nossas mentes, sintonizando nossos corações para que compreendamos
(Ef 1.17,18; 3.18,19; 2 Co 3.14-16; 4.6). Como pela iluminação é, pois, a
aplicação da verdade revelada de Deus aos nossos corações, a fim de que
apreendamos como realidade para nós o que o texto sagrado anuncia.
A iluminação, que é um ministério permanente
do Espírito Santo aos cristãos, inicia antes da conversão com uma crescente
compreensão da verdade acerca de Jesus Cristo e uma crescente sensação de estar
sendo avaliado e exposto por ela. Jesus disse que o Espírito “convenceria o
mundo” do pecado de não crer nele, do fato de Ele estar à direita de Deus Pai
(como seu bom acolhimento na volta ao céu o provou), e da realidade do
julgamento tanto aqui como na vida futura (Jô 16.8-11). Este convencimento
triplo é ainda o meio de Deus fazer que o pecado seja repulsivo e Cristo
adorável aos olhos das pessoas que antes amavam o pecado e não tinham nenhum
interesse pelo divino Salvador.
A forma de ser plenamente beneficiado pelo
ministério da iluminação do Espírito é o estudo sério da Bíblia, a oração séria
e a séria correspondência obediente a todas e quaisquer verdades que já tenham
sido expostas. Isto corresponde à máxima de Lutero sobre as três coisas que
fazem um teólogo: oratio (oração), meditatio (pensar na presença de Deus sobre
o texto), e tentatio (provação, a luta pela fidelidade bíblica diante da
pressão para desatender o que a Escritura diz).
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A Iluminação do Espírito Santo
João 16.13-15; 1 Coríntios 2.9-16; 2 Pedro
1.21
Uma das invenções modernas mais úteis é a
lanterna a pilha. Quando falta energia elétrica e nossa casa mergulha na
escuridão, a lanterna salva a situação. Sua função é lançar luz no meio da
escuridão, para podermos enxergar onde estamos andando e o que estamos fazendo.
O trabalho da lanterna é iluminar o cenário.
A Bíblia não é um livro de trevas. Pelo
contrário, é a fonte de luz tão necessária. O salmista chamou a Palavra de Deus
de “lâmpada paras os meus pés... e luz, para o meu caminho” (Sl 119.105).
Nem toda a partes das Escrituras são
igualmente claras para nosso entendimento. Ceras passagens são difíceis de
assimilar. Lutamos com certos pontos para conseguir captar o significado do
texto. O efeito do pecado em nós é envolver nossa mente nas trevas. Em nossa
natureza caída, somos criaturas em trevas precisando desesperadamente de luz.
Embora as próprias Escrituras sejam luz para
nós, há necessidade de iluminação adicional para que possamos perceber
claramente essa luz. O mesmo Espírito Santo que inspira a Palavra, age para
iluminar a Palavra em nosso benefício. Ele derrama mais luz sobre a luz
original. A iluminação é obra do Espírito Santo. Ele nos ajuda a ouvir, receber
e entender corretamente a mensagem da Palavra de Deus. Conforme o apóstolo
Paulo escreve:
Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem
jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o
ama. Mas Deus no lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas
perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as
coisa do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as
coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. (1 Coríntios
2.9-11)
Aqui Paulo faz uma analogia da experiência humana.
Você pode aprender muitas coisas a meu respeito me observando ou ouvindo
comentários a meu respeito; contudo, você não pode saber o que se passa no
interior de minha mente ou de meu espírito a menos que eu decida revelar.
Somente eu conheço meus próprios pensamentos.
Semelhantemente, o Espírito Santo conhece os
pensamentos mais profundos de Deus. Paulo diz que o Espírito “perscruta” as
coisas profundas de Deus. Isso não significa que o Espírito Santo tenha de
investigar e inquirir a mente de Deus para ser instruído. Ele não busca
informações que de outra forma não poderia ter. Ele “perscruta” no mesmo
sentido em que um farol ilumina a escuridão para trazer à luz o que de outra maneira
permaneceria oculto.
Iluminação não deve ser confundida com
revelação. É comum hoje em dia ouvirmos pessoas falando sobre revelações
particulares que alegam ter recebido do Espírito Santo. A obra do Espírito
Santo na iluminação não é o provimento de novas informações ou revelações além
daquelas encontradas na Bíblia.
O cristianismo reformado nega enfaticamente
que Deus transmita novas revelações normativas hoje. O Espírito continua
operando, iluminando aquilo que está revelado na Escrituras. O Espírito nos
convence da verdade de Palavra, nos ajuda a entender a palavra e a aplicar essa
verdade ás nossas vidas. Ele opera com a Palavra e por meio da Palavra. Sua
tarefa nunca é ensinar contra a Palavra. Portanto, é sempre necessário testar
aquilo que ouvimos mediante o ensino da Palavra. A Bíblia é o livro do
Espírito.
Sumário
Iluminação refere-se à assistência do Espírito Santo, nos ajudando a
entender e a aplicar a Palavra de Deus.
Iluminação não deve ser confundida com revelação.
Marcadores: O Espírito Santo
O Espírito Santo como Santificador
Jo 15.26; 2 Co 3.17,18; Gl 4.6; Fp 2.12,13; 1
Pe 1.15,16
Deus chama todas as pessoas para espelharem e
refletirem o caráter dele: "segundo é santo aquele que vos chamou,
tornai-vos santo também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito
está: Sede santos, porque eu sou santo" (1 Pe 1.15,16). Nosso problema é
que não somos intrinsecamente santos; somos profanos. Mesmo assim, a Bíblia se
refere a nós com "os santos". Visto que a santidade não se encontra
em nós, temos de nos tornar santo. É o Espírito Santo quem opera para nos
tornar santos, para nos conformar com a imagem de Cristo. Como a Terceira
Pessoa da Trindade, o Espírito Santo não é mais do que Pai e o Filho, muito
embora não falemos do Pai Santo e do Filho Santo e do Espírito Santo. O
Espírito de Deus é chamado de Espírito Santo não tanto por causa da sua pessoa
(a qual de fato é santa), mas por causa de sua obra de nos fazer santos.
Esta é a obra especial do Espírito Santo: nos
fazer santos. Ele nos consagra. O Espírito Santo cumpre a função de
santificação. Ser santificado significa ser feito santo, ou justo. A
santificação é um processo que começa no momento em que nos tornamos cristãos.
Esse processo continua até a morte, quanto finalmente o crente torna-se total e
eternamente justo.
A fé reformada é distintiva em sua ênfase
sobre a obra exclusiva do Espírito Santo na regeneração. Nós não cooperamos com
o Espírito no Novo Nascimento. Rejeitamos totalmente qualquer noção de esforço
cooperativo na regeneração do crente. A santificação, entretanto, é outro
assunto. Nossa santificação é uma obra conjunta, de cooperação. Temos de
trabalhar junto com o Espírito Santo para crescermos em santificação. O
apóstolo Paulo expressou esta idéia em sua carta à igreja de Filipos:
"De sorte que, meus amados, assim como
sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha
ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor; Porque Deus
é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa
vontade." (Fp 2.12,13)
O chamado à cooperação é algo que envolve
esforço. Temos de labutar com empenho. Labutar com temor não pressupõe um
espírito de terror, mas de reverência associada à diligência. Somos consolados
com o conhecimento de que não somos deixados sozinhos nessa tarefa, ou
entregues aos nossos próprios esforços. Deus está operando em nosso íntimo para
realizar nossa santificação.
O Espírito Santo habita no crente, operando
para produzir uma vida e um coração mais justo. Devemos ser cuidadosos,
entretanto, para não confundir habitação do Espírito com algum tipo de
deificação do indivíduo. O Espírito está no crente e age com o crente, mas não
se converte no crente. O Espírito trabalha para produzir seres humanos
santificados - não criaturas deificadas. Quando o Espírito habita em nós, ele
não se torna humano e nós não nos tornamos deuses. O Espírito Santo não destrói
nossa identidade pessoal como seres humanos. Em nossa santificação, devemos nos
tornar semelhantes a Deus quanto ao caráter não quanto à essência.
Sumário
1. Deus nos chama para refletirmos sua
santidade.
2. Tornarmo-nos santos requer que recebamos
santidade de fora de nós mesmos.
3. O Espírito Santo se chama santo por causa
obra como nosso santificador.
4. A santificação é um processo que dura à
vida toda.
5. A santificação é uma obra cooperativa,
envolvendo o crente e o Espírito Santo.
6. A habitação do Espírito Santo em nós não
opera nossa deificação.
Marcadores: O Espírito Santo
Dons Espirituais
O Espírito Santo prepara a Igreja
"E a graça foi concedida a cada um de nós
segundo a proporção do dom de Cristo... E ele mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para
pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho
de seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo." Efésios 4.7,11,12
O Novo Testamento retrata as igrejas locais,
em que alguns cristãos exercem ofícios ministeriais formais e oficiais
(presbíteros-supervisores e diáconos, Fp 1.1), enquanto todos desempenham
serviços em papéis informais. O ministério de cada membro no corpo de Cristo é
o ideal neotestamentário. É claro que os oficiais que supervisionam não devem
restringir os ministérios informais, mas sim facilitá-los (Ef 4.11-13), do
mesmo modo que é claro que os que ministram informalmente não devem permitir
que os supervisores dirijam seus ministérios por meios que sejam ordeiros e
edificadores (isto é, confortando e edificando, 1 Co 14.3-5, 12, 26, 40; Hb
13.17). O corpo de Cristo cresce na maturidade em fé e amor, “segundo a justa
cooperação de cada parte” (Ef 4.16) e cumpre sua forma de serviço doadora de
graça (Ef 4.7,12).
A palavra dom (literalmente “dádiva” ou
“doação”) aparece em conexão com serviço espiritual somente em Efésios 4.7,8.
Paulo explica a frase Ele... concedeu dons aos homens referindo-se ao Cristo
assunto ao céu dando à sua igreja pessoas chamadas e preparadas para o
ministério de apóstolo, profeta, evangelista e pastor-mestre. Outrossim, por
meio do ministério capacitador desses oficiais, Cristo está concedendo um papel
ministerial de uma forma ou de outra a cada cristão. Em outras partes (Rm
12.4-8; 1 Co 12-14), Paulo chama esses poderes dados divinamente para servir
charismata (dons que são manifestações específicas de charis ou graça, o amor
ativo e criativo de Deus, 1 Co 12.4), e também pneumatika (dons espirituais
como demonstrações específicas da energia do Espírito Santo, pneuma de Deus, 1
Co 12.1).
Entre as muitas obscuridades e questões
debatidas com respeito ao charismata do Novo Testamento, três certezas
despontam. Primeira, um dom espiritual é uma capacidade de certa forma de
expressar, celebrar, expor e, portanto, transmitir Cristo. Sabemos que os dons,
corretamente usados, edificam os cristãos e as igrejas. Mas somente o
conhecimento de Deus em Cristo edifica; portanto, cada charisma deve ser uma
capacitação de Cristo para mostrar Cristo e participar dele de um modo
edificante.
Segundo, os dons são de dois tipos. Há dons de
falar e de amar, de ajuda prática. Em Romanos 12.6-8, a lista de Paulo sobre os
dons alterna entre as categorias: um, três e quatro (profetizar, ensinar e
exortar) são dons de falar; itens dois, cinco seis e sete (servir, dar, guiar e
mostrar misericórdia) são dons de ajuda. A alternância implica que nenhuma
idéia de superioridade de um dom sobre o outro pode ser introduzida. Apesar do
quanto os dons diferem como formas de atividade humana, todos são de igual
dignidade, e a única questão é se o cristão usa apropriadamente o dom que
possui (1 Pe 4.10,11).
Terceiro, nenhum cristão é falto de dom (1 Co
12.7; Ef 4.7), sendo responsabilidade de todos encontrar, desenvolver e usar
plenamente quaisquer capacidade para o serviço que Deus lhes concedeu.
Marcadores: O Espírito Santo
O Batismo do Espírito Santo
Jl 2.28,29; Jo 7.37-39; At 2.1-11; 1 Co 12; 1
Co 14.26-33
"E isto disse ele do Espírito que haviam
de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado,
por ainda Jesus não ter sido glorificado." Jo 7.39
"Você já recebeu o batismo do Espírito
Santo?" Uma pessoa que se torna cristã em nossos dias mais cedo ou mais
tarde ouvirá esta pergunta. Tal pergunta geralmente é feita pelos cristãos
carismáticos, os quais são entusiastas a respeito das experiências que têm com
o Espírito Santo..
Uma doutrina que antigamente era mais
confinada às igrejas Pentecostais e à Assembléia de Deus agora tem se tornado o
ponto de central importância para um grande número de crentes. O movimento neopentecostal
tem alcançado praticamente todas as denominações cristãs. Um senso de
empolgação e de avivamento espiritual geralmente acompanha essa nova descoberta
da presença e do poder do Espírito Santo na Igreja.
O neo-pentecostalismo procura definir a
doutrina do batismo do Espírito Santo com base nas experiências das pessoas.
Tal doutrina tem sido amplamente controvertida.
Geralmente, mas não sempre, os cristãos
carismáticos consideram o batismo do Espírito Santo como uma segunda obra de
graça, distinta e subseqüente à regeneração e à conversão. Os carismáticos
estão divididos entre eles mesmos quanto à questão, se falar em línguas é um
sinal necessário ou uma manifestação do "batismo".
Os pentecostais apontam para o padrão no livro
de Atos, onde os crentes (os quais experimentaram a obra regeneradora do
Espírito Santo antes do dia de Pentecostes) foram cheios do Espírito Santo e
falaram em línguas. Este padrão bíblico, que inclui um lapso de tempo entre a
conversão e o batismo do Espírito, é usado então como norma para todas as
épocas.
Os pentecostais estão certos em ver certa
distinção entre a regeneração pelo Espírito Santo e o batismo. Regeneração
refere-se ao Espírito Santo dando nova vida ao crente - vivificando aquele que
estava morto no pecado. O batismo do Espírito Santo refere-se a Deus
capacitando seu povo para o ministério.]]Embora a distinção entre a regeneração
e o batismo do Espírito Santo seja legítima, transforma o lapso de tempo entre
ambos numa norma para todas as gerações é uma atitude improcedente. O padrão
normal desde os dia dos apóstolos tem sido que os cristão recebem a capacitação
do Espírito Santo juntamente com a regeneração. Não é necessário que o crente
busque uma segunda e especifica obra do batismo do Espírito depois da
conversão. Todos cristão é cheio do Espírito, numa medida maior ou menor,
dependendo da correspondência de consagração a ele.
Outro problema com doutrina pentecostal é que
ela tem uma visão incorreta do Pentecostes, o qual é uma "linha
divisória" na história do Novo Testamento. No Antigo Testamento, só alguns
crentes selecionados foram dotados por Deus com dons para o ministério (ver Nm
11). Este padrão mudou no Pentecostes, quando todos os crentes presentes (todos
judeus) receberam o batismo. Semelhantemente, nos derramamentos posteriores, os
convertidos samaritanos (At 8), o crentes na casa de Cornélio (At 10) e os
discípulos gentios de João Batistas que viviam em Éfeso (At 19), todos
receberam o batismo do Espírito.
Os primeiros crentes não acreditavam que os
samaritanos, os prosélitos e os discípulos de João Batista pudessem ser
cristãos. Desta maneira, o batismo do Espírito Santo serviu como confirmação de
sua membresia na Igreja. Visto que cada um desses grupos experimentou o batismo
do Espírito Santo da mesma maneira que os judeus experimentaram no Pentecostes,
a inclusão deles na Igreja era inquestionável. O próprio Pedro foi o primeiro a
experimentar isso. Quando viu o Espírito Santo descer sobe os gentios tementes
a deus na casa de Cornélio, ele concluiu que não havia nada que impedisse que
fossem aceitos plenamente como membros da Igreja. Pedro disse: "Pode
alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que
também receberam como nós o Espírito Santo?" (At 10.47).
Os episódios subseqüentes do batismo do
Espírito Santo, depois do Pentecostes devem ser entendidos como uma extensão do
Pentecostes, por meio do qual todo o Corpo recebeu dons para o ministério. Na
igreja do Novo testamento nem todos os cristãos falaram em línguas, mas todos
os cristãos receberam dons do Espíritos Santo. Desta maneira, se cumpriu a
profecia de Joel (At 2.16-21).
Sumário
1. O batismo do Espírito Santo é uma obra
distinta da qual o Espírito dota os crentes com dons para o ministério.
2. No livro de Atos, o Espíritos Santo foi
derramado sobre quatro grupos (judeus, samaritanos, prosélitos e gentios),
indicando que todos estavam incluídos na igreja.
3. O Pentecostes cumpre a profecia do Antigo
Testamento de que o Espírito seria derramando sobre todos os crentes e não
sobre um grupo restrito.
Marcadores: O Espírito Santo
A Importância da Obra do Espírito Santo
Mas a obra do Espírito Santo é realmente
importante?
Importante! E tão importante que se não fosse
pela ação do Espírito Santo não haveria Evangelho, nem fé, nem Igreja e nem
cristianismo no mundo.
Em primeiro lugar: sem o Espírito Santo não
haveria Evangelho nem Novo Testamento.
Quando Cristo deixou o mundo, entregou sua
causa aos discípulos. Deu-lhes a responsabilidade de ir e fazer discípulos em
todas as nações, "E vocês também testemunharão", disse-lhes no
cenáculo Jo 15:27). "E serão minhas testemunhas [...] até aos confins da
terra" foram suas palavras de despedida no monte das Oliveiras antes da
ascensão (At 1:8). Esta foi a tarefa que lhes confiou, mas que tipo de
testemunhas seriam? Não tinham sido bons alunos; conseqüentemente não
conseguiam entendê-lo, e não compreenderam seus ensinamentos durante seu
ministério na terra; como poderiam esperar melhorar agora, depois de sua
partida? Não era certo que eles logo estariam misturando a verdade do Evangelho
com uma série de equívocos bem-intencionados, e seu testemunho seria
rapidamente reduzido a uma confusão distorcida e deturpada, embora possuíssem
boa vontade?
A resposta a essa pergunta é negativa, porque
Cristo enviou o Espírito Santo para lhes ensinar todas as verdades, livrando-os
de erros, recordando-lhes as coisas aprendidas e revelando-lhes o restante do
que o Senhor queria ensinar. "[...] o Conselheiro [...] lhes ensinará
todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse" 0o 14:26).
"Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora.
Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não
falará de si mesmo; falará apenas o que tiver ouvido" — isto é, o Espírito
lhes esclareceria a eles tudo o que Cristo lhe dissesse, do mesmo modo como
Cristo lhes mostrara as coisas que o Pai queria que ele transmitisse (v. Jo
12:49; 17:8,14) — "e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará,
porque receberá do que é meu e o tornará conhecido" (16:12-14). Deste modo
"ele testemunhará a meu respeito" — a vocês, meus discípulos, a quem
o enviarei — "e" — equipados e capacitados pela sua atuação —
"vocês também testemunharão [...]" (15:26,27).
A promessa consistia em que, ensinados pelo
Espírito, esses primeiros discípulos seriam capacitados como porta-vozes de
Cristo. À semelhança dos profetas que no Antigo Testamento começavam seus
sermões com as palavras "Assim diz o Senhor Jeová", no Novo Testamento
os apóstolos poderiam, com igual autoridade, afirmar em seus ensinamentos orais
ou escritos "Assim diz o Senhor Jesus Cristo".
E foi o que aconteceu. O Espírito veio sobre
os discípulos e testemunhou-lhes de Cristo e sua salvação de acordo com a promessa
feita. Referindo-se às glórias desta salvação ("o que Deus preparou para
aqueles que o amam"), Paulo escreve:
... Deus o revelou a nós por meio do Espírito
[...] porém [...] recebemos [...] o Espírito procedente de Deus, para que
entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos
[e ele poderia ter acrescentado escrevemos] não com palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito. I Coríntios 2:9-13
O Espírito testificou aos apóstolos revelando-lhes
toda a verdade e inspirando-os a transmiti-la com toda a fidelidade. Por essa
razão temos o Evangelho e o Novo Testamento. Mas o mundo não teria os dois sem
o Espírito Santo.
E isto não é tudo. Em segundo lugar, sem o
Espírito Santo não haveria fé, nem novo nascimento — em resumo, não haveria
cristãos.
A luz do Evangelho brilha, mas "O deus
desta era cegou o entendimento dos descrentes" (2Co 4:4), e o cego não
reage ao estímulo da luz. Como Cristo explicou a Nicodemos: "Ninguém pode
ver o Reino de Deus se não nascer de novo" (Jo 3:3; cf. v. 5). Falando por
si mesmo e por seus discípulos a Nicodemos e a toda classe de pessoas
religiosas não-regeneradas, à qual Nicodemos pertencia, Cristo continuou
explicando que a conseqüência inevitável da não-regeneração é a descrença:
"[...] vocês não aceitam nosso testemunho" (v. 11). O Evangelho não
produziu neles convicção alguma; a incredulidade os mantinha irredutíveis. O
que aconteceu então? Devemos concluir que é perda de tempo pregar o Evangelho,
e que a evangelização deve ser riscada como um empreendimento sem esperança,
fadado ao fracasso? Não, porque o Espírito habita com a Igreja para dar
testemunho de Cristo. Aos apóstolos, como já vimos, ele se manifestou revelando
e inspirando. Aos outros homens, durante séculos, ele se manifesta iluminando,
abrindo os olhos vendados, restaurando a visão espiritual, capacitando os
pecadores a perceber que o Evangelho é realmente a verdade divina, as
Escrituras são a Palavra de Deus e Cristo é verdadeiramente o Filho de Deus.
"Quando ele [o Espírito] vier", o Senhor prometeu, "convencerá o
mundo do pecado, da justiça e do juízo" (16:8).
Não devemos pensar que podemos provar a
verdade do cristianismo por meio de nossos argumentos; ninguém, a não ser o
Espírito Santo, pela própria obra poderosa de renovação do coração endurecido,
pode provar essa verdade. É prerrogativa soberana do Espírito Santo de Cristo
convencer a consciência das pessoas sobre a verdade do Evangelho de Cristo; e a
testemunha humana de Cristo deve aprender a basear sua esperança de sucesso não
em brilhantes apresentações da verdade pelo ser humano, mas na poderosa
demonstração da verdade pelo Espírito.
Paulo mostra o caminho. "Eu, irmãos,
quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com
ostentação de linguagem ou de sabedoria [...] A minha palavra e a minha
pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em
demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria humana e sim no poder de Deus" (1Co 2:1-5). Os homens crêem
quando o Evangelho é pregado porque o Espírito se manifesta desse modo. Mas sem
o Espírito não haveria um só cristão no mundo.
TUDO SEGUNDA A BIBLIA DIZ!
EDNEIDE SANTANA!!