Elias no Monte da Transfiguração
Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu
irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. E transfigurou-se diante
deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram
brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se
queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés e um para
Elias. E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da
nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo;
escutai-o. E os discípulos, ouvindo isso, caíram sobre seu rosto e tiveram
grande medo. E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-vos e não
tenhais medo. E, erguendo eles os olhos, ninguém viram, senão a Jesus. (Mateus
17.1-8)
Muito já se escreveu sobre o episódio da transfiguração, e para este
subsídio gostaria apenas de trazer uma reflexão sobre a necessidade de uma fé
que não se limita, nem se contenta com a ausência do sobrenatural, das visões e
da percepção inconfundível da presença do Senhor.
As visões, os sonhos e outros fenômenos espirituais não estão restritos
ao Novo Testamento:
E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei
sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os
vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; (At 2.17)
Após o derramar do Espírito no dia de Pentecostes, as visões se tornaram
frequentes, e algumas delas ficaram registradas nas Escrituras:
Mas, de noite, um anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, tirando-os
para fora, disse: Ide, apresentai-vos no templo e dizei ao povo todas as
palavras desta vida. E, ouvindo eles isto, entraram de manhã cedo no templo e
ensinavam. Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que estavam com ele,
convocaram o conselho e a todos os anciãos dos filhos de Israel e enviaram
servidores ao cárcere, para que de lá os trouxessem. (At 5.19-21)
E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco,
subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma
voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és,
Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti
recalcitrar contra os aguilhões. (At 9.3-5)
E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias. E disse-lhe o
Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor! E disse-lhe o
Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas
por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão
ele viu que entrava um homem chamado Ananias e punha sobre ele a mão, para que
tornasse a ver. E respondeu Ananias: Senhor, de muitos ouvi acerca deste homem,
quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos principais
dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque
este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e
dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo
meu nome. E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão
Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou,
para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo. (At 9.10-17)
E, no dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já perto da cidade,
subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta. E, tendo fome, quis
comer; e, enquanto lhe preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de
sentidos, e viu o céu aberto e que
descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, vindo
para a terra, no qual havia de todos os animais quadrúpedes, répteis da terra e
aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas
Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e
imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus
purificou. E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a recolher-se no
céu. E, estando Pedro duvidando entre si acerca do que seria aquela visão que
tinha visto, eis que os varões que foram enviados por Cornélio pararam à porta,
perguntando pela casa de Simão. E, chamando, perguntaram se Simão, que tinha
por sobrenome Pedro, morava ali. E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o
Espírito: Eis que três varões te buscam. Levanta-te, pois, e desce, e vai com
eles, não duvidando; porque eu os enviei. (At 10.9-20)
E, quando Herodes estava para o fazer comparecer, nessa mesma noite,
estava Pedro dormindo entre dois soldados, ligado com duas cadeias, e os
guardas diante da porta guardavam a prisão. E eis que sobreveio o anjo do
Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a Pedro no lado, o
despertou, dizendo: Levanta-te depressa! E caíram-lhe das mãos as cadeias. E
disse-lhe o anjo: Cinge-te e ata as tuas sandálias. E ele o fez assim.
Disse-lhe mais: Lança às costas a tua capa e segue-me. E, saindo, o seguia. E
não sabia que era real o que estava sendo feito pelo anjo, mas cuidava que via
alguma visão. E, quando passaram a primeira e a segunda guarda, chegaram à
porta de ferro que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma; e,
tendo saído, percorreram uma rua, e logo o anjo se apartou dele. E Pedro,
tornando a si, disse: Agora, sei, verdadeiramente, que o Senhor enviou o seu
anjo e me livrou da mão de Herodes e de tudo o que o povo dos judeus esperava.
(At 12.6-11)
E Paulo teve, de noite, uma visão em que se apresentava um varão da
Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos! E, logo depois
desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos
chamava para lhes anunciarmos o evangelho. (At 16.9-10)
E disse o Senhor, em visão a Paulo: Não temas, mas fala e não te cales;
porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, pois tenho
muito povo nesta cidade. E ficou ali um ano e seis meses, ensinando a palavra
de Deus. (At 18.9-11)
Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei;
se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu. E
sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi
arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito
falar. (2 Co 12.1-4)
Nos dias atuais há quem não vivencie tais experiências por achar que
fazem parte de um passado distante, por não acreditar na atualidade destas
manifestações. Entre estes, estão cristãos que se tornaram eruditos e profundos
nas Escrituras, mas que são rasos em experiências com o Cristo vivo, em visões
e sonhos concedidos pelo Senhor.
É claro que a fé cristã não está fundamentada unicamente em
experiências, mas as experiências fazem parte da vida cristã normal. Estamos
nos enriquecendo no conhecimento da Palavra, mas nos empobrecendo de visões e
experiências com Deus.
Há milhares de cristãos que ao longo da história da Igreja tiveram
visões, onde anjos e o próprio Cristo lhes apareceram, que foram arrebatados em
espírito e puderam contemplar grandes coisas.
Que os eventos no Monte da Transfiguração, assim como os demais
registrados nas páginas da Bíblia, possam despertar em nós o desejo por
experiências tão magníficas, sem que com isso negligenciemos o aprofundamento
no estudo da Sagrada Escritura, fazendo dela a base de análise e julgamento de
toda visão e experiência sobrenatural.
EDNEIDE SANTANA!!